Somente no mundo de Erikah Badu


A casa de Erykah Badu localizada na margem do lago White Rock, em Dallas, Texas é rodeada por árvores altas e muita grama macia não aparada.

As molduras das janelas são pintadas em um amarelo neon. Vento soa lá fora em uma brisa irregular. Dentro da casa, músicas da banda Plastic Ono de John Lennon ecoam de uma série de alto-falantes invisíveis que enchem todo o lugar em som.

Enquanto nos sentamos frente à frente na sala de estar, Badu me conta que os alto-falantes foram a primeira coisa que comprou quando ela se mudou para cá em 1997, no mesmo ano em que ela lançou seu álbum de estreia, “Baduizm”. 

Nos anos seguintes aquele, ela cresceu e se tornou uma das principais visionárias do Soul, não apenas como uma cantora e compositora, mas também como uma produtora no mais amplo e criativo sentido. Ela então encheu a casa, peça por peça, com a arte e os meios para criá-la.

Alguns desses itens amáveis foram feitos por amigos, outros por fãs e alguns ainda por seus três filhos, os quais usam a chance de pintar suas coisas sempre que aparece. Há um Wurlitzer (piano) encostado em uma das paredes, um baixo elétrico no chão, uma coleção volumosa de álbuns vinis atrás de um toca-discos e um notebook moderno deslocado entre essas coisas.

Alguns cavaletes de quadros se inclinam enfileirados e duas pinturas de desenho animado se encontram neles: uma de Badu e outra de seu ex André Benjamin, pai de seu filho mais velho, Seven. 

É final de fevereiro, dois dias antes de seu aniversário de 45 anos e do show que ela está planejando fazer para comemorá-lo. Através da grande janela retangular nós assistimos a calma do sol, refletindo no lago e o céu cheio de nuvens de Dallas. Esta é a cidade que Badu nasceu e cresceu, a terra de cinco gerações de sua família. Pergunto-a o que Dallas significa para ela e ela sorri: 

“Eu apenas gosto do ar”, ela responde, “Gosto do som dos pássaros”. Ela fica em silencio durante um tempo, até que eu ouço um piado, depois outro. Badu rir, este não é o som de sua música, é de seu animal de estimação.
“Minha mãe comprou esse pássaro para Mars de presente de aniversário. O nome dela é Sparkle”. 

Mars é sua filha mais nova, de 7 anos. O pai dela é o rapper Jay Electronica. Badu vai até a gaiolinha que se encontra muito suja. “As condições que ela vive são horríveis. ” Ao pássaro diz: “Sparkle sinto muito”. Para mim diz: “Eu não queria um pássaro. ” Ela traz Sparkle para perto de nós, na luz do sol. 

O passarinho é pequeno e se move com agilidade brilhante e gestos paranoicos. 
“Mas isso é o que eu sei” diz ela retornando à Dallas. “É onde eu criei, inventei, comecei, onde eu...” Ela dá de ombros “É tudo”. Sua família ainda é a base de realidade na sua vida. Ambas as suas avós ainda são vivas e estão beirando os 90 anos. Uma delas certa vez foi sua contadora e a outra foi sua arquivista mantendo anos de artigos, críticas e capas de álbuns em um conjunto bem organizado dentro de pastas. Ambas apesar de já aposentadas de seus deveres continuam, segundo Badu que sorri, muito ativas e opinantes em sua vida. Sua mãe é sua babá e chefe. Sua irmã Koryan, ou Koko, anda pela casa com tranças loiras e roxas que vão até sua cintura. Ela é sua assistente pessoal, gerente de casa e back vocal. Seu irmão vende mercadorias e seu primo Ken é seu gerente de negócios e viaja com ela em turnê.

“Tenho que dar dinheiro a eles de qualquer forma, melhor coloca-los então para trabalhar.”
Seu jeito de falar é bem claro e flexível, seja quando ela está em silêncio ou descendo uma oitava para efeitos cômicos, ela é audível em toda a sala. Ela conversa em uma combinação contínua entre a fala e a canção. Duas enormes tranças saem de dentro de seu chapéu de tricô e caem pelo seu corpo. Suas unhas estão pintadas no mesmo amarelo brilhante de sua casa. Eu começo a fazer perguntas e percebo na metade do caminho que ela está olhando atrás de mim com as sobrancelhas franzidas, e a boca num gesto irônico. “Pode repetir? ” Ela diz: “Eu estava olhando para Seven”. Mas antes que eu possa continuar ela diz: “Menino eu pensei que seu pai viria te buscar! ”
"Sim", diz a voz de algum lugar atrás de mim. "Nós vamos sair para comer ou algo assim." Seven de 18 anos de idade é magro, uma cópia viva de seu pai, cruza a sala para abraçar sua mãe e dar tchau.

No final da tarde, Badu vai reunir-se com Seven e André. Badu chama o pai do seu filho de seu "melhor amigo há quase 20 anos." Nascido em Atlanta, André se mudou para Dallas depois que seu filho entrou no colegial. Os três planejaram de visitar um templo budista para encontrar com um padre que fez uma prece para Seven e André algumas semanas atrás. Badu diz que ela é uma cética, mas decidiu ir junto depois de ouvir o padre dizer à Seven que limpasse o frigobar de seu quarto, algo que ela diz que ele realmente precisa fazer.

Pergunto o que tem no frigobar.

"Eu não sei, pimenta sem tampa? Tem pimenta quando você abre a porta. Eu não entro lá, mas é.… apenas latas de alguma merda, aberta. "Ela sorri com um orgulho óbvio. "Ele é bem dedicado. Ele foi educado em casa dos 3 aos 7 anos, então ele é meio que focado. Ele é como um nerd". 

Seven gosta de arte, projeta camisas e botões, e estuda Latim desde a quinta série: "então, ele sabe como se escreve um monte de merda". No próximo ano, diz ela, "Na faculdade, ele vai estudar majoritariamente psicologia e um pouco de negócios, para que ele possa incitar as pessoas a comprar suas coisas. Essa é a sua ideia."
O segundo filho de Badu, Puma, tem 11 anos. Seu pai é o rapper de Dallas, The D.O.C. Ela conta, "Ela é exatamente como eu", diz Badu, e ela estuda em uma escola de aperfeiçoamento do francês, onde ela está começando a aprender mandarim. Mars, na primeira série, vai para uma escola de aperfeiçoamento também, a dela é de espanhol.

"Eu quero me certificar", Badu diz, "quando eu tomar o país, eu terei um secretário de Estado, de defesa, e um embaixador da paz na mão."


Nós vamos para a cozinha onde Badu faz uma mistura improvisada de frutas:  abacaxi fresco picado em rodelas. Ela usa quatro ou cinco longas filetas de alface como enfeite. Entre elas, põe filetas de framboesa caprichosamente empilhados uniformes. A complexidade do arranjo é impressionante e eu a elogio. “Obrigada, é arte. ” Ela diz. “Tudo é arte para mim, nós estamos fazendo arte. ” Fazendo referência a entrevista que estamos realizando ela diz “Isso é o que estamos fazendo. ”
Seguindo esta lógica, a própria cozinha é uma espécie de grande colagem artística: cada palmo coberto com desenhos e fotografias de seus filhos, irmãos, primos, amigos famosos como Yasiin Bey e do falecido produtor J Dilla.

"Este é um almoço com muita alcalina", diz Badu. "Nós vamos ter muita energia."

Nós levamos as frutas para uma mesa de jantar na parte de trás da casa, onde Badu alimenta com uma folha de alface mais um dos prováveis pouco desejados, animais de estimação de Mars, um porquinho da índia chamado Young Tonya. Ali ao lado, sete caixas de papelão pintadas estão postas à uma janela. Badu me diz que está começando um processo para escrever sua autobiografia e que as caixas são uma espécie de esboço.

Eu só as pintei”, diz ela, “Eu vou alinhá-los sobre a mesa, um para cada capítulo, depois vou colocando coisas em cada caixa para eu ter uma ideia do que estou fazendo. ” Vermelho é para a família, laranja para o sexo (pais dos filhos, outros casos e affairs), amarelo é para as criações da vida, verde para seu trabalho como doula (pessoa que dá assistência à mulher durante gravidez e parto) e curandeira; azul bebê para a música, azul escuro para espiritualidade e uma caixa roxa que ela diz ser um mistério.

Ligações chegam a todo tempo, porém há algum tempo Badu deixou seu celular cair numa tigela de sopa então ela tem que atender as ligações no alto falante.

As conversas têm um ar cauteloso, cada uma com algum detalhe estranho sobre sua festa de aniversário que não pode ser explicado por telefone. “Eles gostam de me fazer algum tipo de surpresa todo ano”, diz ela entre as chamadas. “E eu gosto de estragar tudo

A única ligação inocente é da avó paterna de Badu, a Ganny. As conversas delas são carinhosas. Toda delicada, termina com Ganny morrendo de ansiedade para o aniversário de sua neta.

Eu continuo não sendo uma mulher crescida” diz Badu.
Eu sei”, diz Ganny. “Você é meu bebê”.

É a semana antes da tradicional Super Terça-Feira em Texas, então eu a pergunto sobre política, a qual me refiro naturalmente à Donald Trump e os vários muros, físicos e comportamentais, que ele corre o risco de construir.

"Oh, eu não acredito em nada dessa merda", diz ela.
"Os muros?"

"Política. Eu não sei o quanto podemos dizer...  É um show, é um jogo. Na menor escala acho que nossos representantes municipais e representantes distritais são muito sérios sobre o que estão fazendo, mas quando chegam um pouco mais alto, torna-se um show. Todo mundo fica meio que virado. "

"Esta é a merda mais louca que eu já vi na minha vida", diz ela do sucesso de Trump até agora. "Isso é real? Mas” — e criticamente com um dar de ombros— “ele vai se tornar uma realidade, se esse for o plano".

Badu aponta álbuns como o de 2008 de New Amerykah Part 1 (4ª Guerra Mundial) como prova de sua própria capacidade, através da arte, não só de falar do problema social, mas também, em certo sentido, de antecipa-lo.

Tomemos, por exemplo, sua música "Twinkle": Eles nos mantêm ignorantes / doentes e deprimidos / Doutor eu sou um viciado agora Estou preso.

"Eu percebi isso", ela diz, da crise da violência policial, que provocou e sustentou o movimento Black Lives Matter. "Eu estava realmente sentindo uma forte afinidade para escrever sobre o que estava acontecendo ao meu redor. E eu realmente escrevi sobre o que está acontecendo agora naquele álbum. Então, eu não sinto a necessidade de escrever sobre isso agora, porque eu já fiz."

Ela vê o nosso momento político como um teste de seriedade em mais de um aspecto. "Nós podemos nos organizar como uns filhos da puta quando a polícia nos bate", diz ela. "Mas será que podemos nos organizar para combater os crimes ‘negro contra negro’, ou pobre contra pobre? Porque, você sabe, pobre é o novo preto. Você não tem precisa nem ser negro hoje em dia."

Posições como estas, algumas delas surpreendentemente conservadoras, tornaram-se um aspecto cada vez mais importante da personalidade de Badu, especialmente online, onde, semanas depois da minha visita a Dallas, ela provocou um burburinho no Twitter ao pedir por saias mais longas nos uniformes escolares das meninas. Ela faz uso das ferramentas atuais que proporcionam viralidade para difundir e defender posturas impopulares. É um paradoxo que estranhamente convém a ela: arte, para Badu, começa com a voz individual, porém heterodoxa.

"Eu acho legal o que a Beyoncé está fazendo", diz ela. "Kendrick Lamar está conscientizando, compondo e proporcionando a mudança ao mostrar o outro lado do que acontece em sua comunidade. Acredite ou não, NWA começou a fazer isso também. "Gangsta, Gangsta " era, na verdade, uma paródia".

Para enfatizar o seu ponto de vista, ela com facilidade recita o primeiro verso da canção:

''Aqui vai um pouco sobre um cara como eu
Nunca deveria ter sido solto da penitenciária
Ice cube, diria
Que eu sou um mothafucka louco no pedaço
Desde que eu era jovem, eu fumava maconha na rua
Agora eu sou o filho da puta que você ouve falar sobre
Tirando uma vida ou duas, isso é a merda que eu faço
Você não gosta de como eu estou vivendo: bem, foda-se
Esta é uma gangue, e eu estou nela."

"É a maneira do Cube de dizer: isto é o que você criou. Ele não é um gangster, mas eu acho que ele se sentiu tão bem com isso. O que quer que faça você ganhar mais buceta, eu acho. Buceta ativista ou buceta gangsta? Buceta Gangsta foi um pouco mais chamativo".

Tudo isso — o cinismo sobre a natureza e eficácia da atividade política e o contrário disso, o interesse no humor como forma de protesto — confirmam algo que eu sempre suspeitei sobre Erykah Badu. Como cantora, compositora e intérprete, a única coisa que a distingue na história da música da Soul é a sua implantação consistente da ironia na música. Ninguém, desde o auge do blues, é mais cômico ou, sobretudo, mais abertamente irônico para distorcer o mundo em sua volta e a história que a criou. Com seus movimentos bruscos e a plasticidade áspera de sua voz, ela é muito descendente de seus antecessores como Billie Holiday e Diana Ross em relação aos estilos e tiques que lhes deram seu poder.

Isso fica mais evidente quando se assiste Badu tocar ao vivo, que, aliás, ela considera o seu talento mais fundamental: "A performance é o que eu faço", ela me diz. No palco, ela esbanja sabedoria e conta histórias engraçadas entre as músicas, muitas vezes tão convincentes que toda música que se segue soa como uma extensão da piada. Ela diminui as luzes nas músicas mais profundas, acompanhando um movimento lento e exagerado, não de um dançarino, mas de uma parodista. As performances dela são plenamente conscientes do artifício e da tolice. Melhor do que quase qualquer um, ela usa a oportunidade apresentada pela presença física para exercer um controle criativo espontâneo, utilizando material familiar de moda, algo genuinamente novo.

Grande parte dessa sensibilidade, ela diz, ela deve ao absurdo que são as luzes de fundo azuis, uma das grandes heranças culturais de Dallas. "São minhas raízes", diz ela. "Nós temos uma parte de Dallas chamado Deep Ellum... Deep Ellum foi uma parte rica em luzes azuis na cidade" Ela endereça as lendas — seus precursores — que se reuniram no local para tocar: Muddy WatersB. B. KingJohnny TaylorDenise LaSalle.
"É uma arte morta", diz ela, nem um pouco triste. "Mas tudo bem. É como as coisas são, ou você evolui ou você morre."


Badu deu à luz todos os três de seus filhos de forma totalmente natural, na casa onde ela cresceu; agora ela é uma doula propriamente credenciada, trabalhando para conseguir a certificação de parteira. "Eu amo a maternidade", diz ela. "É natural para mim. Sendo uma doula, ou sendo mãe, ou até mesmo coisas como, fazer comida. É respirar e confiar, permitindo que a criatividade flua. "

Sua carreira doula começou em 2001, depois que ela prometeu a sua amiga Afya Ibomu — esposa de Stic do grupo de hip-hop Dead Prez — que ela iria ajudar com o nascimento de seu filho. Após uma viagem frenética internacional de volta para Nova York e 54 horas em trabalho de parto, Badu estava lá para receber o bebê. Ela tem sido dedicada à prática desde então. Entre as datas dos shows e gravação, ela está cercada por livros, ensaios, pesquisa, aulas de anatomia, e acompanhando de perto a parteira que conheceremos hoje.
Badu puxa a porta de seu Porshe para cima e adentramos com a parteira a guiando para o centro da cidade. Badu acompanha a parteira enquanto ela descreve a mulher gravida.
"Ela tem uma barriga enorme", diz a parteira. Ela também é a proprietária do centro, e ela está fazendo uma cena para a pequena multidão: "As contrações estão vindo cada cinco a sete minutos e eles estão ficando mais fortes."

Lá nos deparamos com o dramático festival de dores do parto feliz: a mulher grávida andando pelos cantos, gemendo com intensidade crescente, e inclinando-se em todos os lugares — contra a cama, o banheiro, parede.

Em cada passo, a parteira revela uma escolha possível. Você pode dar à luz na banheira ou na cama, ou em pé no chuveiro com a água caindo. Sua voz, mesmo quando indicando dor, exala uma calma inquietante. É possível, ouvi-la, cercado por 10 ou 15 futuros pais extasiados e aterrorizados imaginando, ou, se você já presenciou um nascimento, lembrando dos aspectos da experiência: a espessura, cheiro acobreado de sangue, o retiro liso e complicado da criança para fora do corpo e para a luz fraca. Claramente, a parteira totalmente imperturbável, tão solenemente confortável, a ponto de se familiarizar com proximidade da morte, inspira uma admiração cautelosa em sua audiência. A única pessoa sorrindo, movendo-se facilmente, sempre no seu flanco, é Badu.


Após o passeio, voltamos para a casa dela. Está escuro agora, e as luzes do centro refletem em toda a superfície do lago. A irmã de Badu, Koko inventa uma desculpa fraca para sair. "Eu tenho que...", diz ela, "humm, ir à igreja."

"Awww," Badu diz, pensando em seu aniversário, amanhã. "Você vai fazer alguma coisa para mim! Você não vai à igreja em uma noite de quinta-feira. Vocês estão agindo de forma engraçada."

Quando Koko se vai, Badú passeia ao longo de seus toca-discos e faz um rápido set DJ: Biz Markie "Vapors" Beanie Sigel "Roc the Mic", Musiq Soulchild "Just Friends", Jay-Z "Hustler”, Carl Thomas "I Wish",  "Check the Rhime ", A Tribe Called Quest. "Eu gosto de agitar a festa", diz ela, sorrindo.

Quando ela termina, nós vamos para a cozinha comer arroz, imitação de frango e greens do jardim de Badu. Mars corre em volta da mesa, pega comida do prato, então de alguma forma convence sua mãe em ajudá-la a contar toda a sua coleção de Shopkins, dezenas de figuras de plástico duro, da qual eu nunca ouvi falar. Enquanto a menina arruma seus brinquedos. "Ela é uma aberração pura", sua mãe Badu me explica o quanto gasta com esses brinquedos.

"Então digamos que eu tenho dois Blowannes, e alguém tenha um Mocassim de Molly para troca."

"Eu já tenho um Molly Mocassim", diz Mars.
"Bem, eu sei disso. Estou apenas usando-o como um exemplo. Sendo hipotética. Você consegue dizer hipotética?"

"Hipotética." Eu não posso expressar o quão satisfeita a criança ficou por poder dizer isso tão perfeitamente na primeira tentativa.

"Isso significa uma versão faz de conta da realidade. Uma versão de demonstração".
E assim elas contam, segurando cada miniatura para que eu possa vê-los, chamando cada um pelo seu nome: DressicaFlusciousPenelope TreatsPeter Planta, assim por diante. Ao todo, elas têm 123 desses bichinhos e a coleção deles é uma coisa claramente tanto da mãe como da filha. Mars às vezes começa a cantarolar o hit de Rihanna "Work", e Badu cantarola junto. "Eu amo essa música", diz Badu. 


Na tarde de aniversário de Erykah Badu, eu me dirijo para o clube onde a festa vai acontecer mais tarde naquela noite para atender os músicos na banda de Badu, The canabinóides. Eles são caras engraçados em seus trinta e quarenta, todos vestidos com camisolas e sapatilhas à moda, fazem refeições e ajustam seu equipamento, para que eles possam fazer uma passagem de som, se preparando para a chegada de Badu. Você percebe que eles estão acostumados com o fato de que ninguém tinha uma hora certa de início da festa em mente, eles só apareceram lá.

Big Mike, rude, porém simpático gerente de turnê de Badu, está com ela desde o início, em 97. Ele explica como o profissionalismo trabalha no mundo de Badu: "Sua coisa é, 'Não se preocupe com quando eu vou chegar aqui. Basta ter minhas coisas prontas quando eu chegar. Basta fazer o mínimo que vocês devem fazer. " " Às vezes a banda é de última hora", ele me diz, e às vezes aleatórias. "Mas eles sempre querem que a gente volte. Nós recebemos mais proposta de trabalho do que podemos fazer. "

O clima entre a equipe é quase familiar; todos eles contam piadas que você esperaria ouvir de um grupo que tem viajado o mundo juntos várias vezes. Alguém relembra uma luta que rolou uma vez ao longo de um voo perdido de volta da Polônia para casa. A luta terminou, graças a Badu, que jogou e quebrou um copo no quarto e disse a todos para pararem com isso. Outros lembram da noite em que todos estavam amontoados em um pequeno clube em Londres, sentados assistindo um cantor fazer um cover mal feito e lento da música de Badu "Bag Lady", o qual não sabia que a criadora da canção estava esperando embaixo do palco, balançando a cabeça.

Há um grupo mais jovem por ali também: são os responsáveis pela abertura do show de Badu, incluindo Aubrey Davis, um jovem alto, magro de 21 anos, com óculos e um enorme rabo de cavalo. Badu conheceu Davis, um rapper que soa como Drake conhecido como ItsRoutine, através de Seven, a quem ela mais tarde nomeou A&R chefe de sua gravadora independente, Control FreaQ. A promessa inicial de Control FreaQ é de devolver os direitos de música de seus artistas após um período acordado que varia de 10 a 15 anos, e é onde Davis está assinado agora.

Parecendo um pouco ansioso em relação à sua curta apresentação, ele descreve o processo em que ajudou a escrever o remake de Badu, "Mr. Telefone Man", uma música New Edition que ficou embriagada na mixtape recente de Badu, "But You Caint Use My Phone". "Ela nunca tinha visto o programa que eu uso no meu computador", diz ele. "Mas ela mostrou-me muitas coisas sobre ele que eu nem sequer conheço. Como colocar vocais, tudo. Ela basicamente dominou a canção sozinha ".

O processo de criar "Phone" revela Badu ser não apenas um reservatório de conhecimento criativo, mas também de uma estudante disposta, feliz em aprender com o mentor e novos talentos. "A maneira como as crianças escrevem hoje, é diferente", diz ela. "As batidas são diferentes, tudo está posto aí fora. E eu me senti como, "Ahh, eu posso fazer isso"

Ela conheceu o produtor da faixa, Zach Witness, também com 21 anos, depois que ele lançou um remix de "Bag Lady." Primeiro os dois criaram "Cel U Lar Device", um remix de "Hotline Bling", como uma brincadeira para o aniversário surpresa de Big Mike, que ama a música de Drake. Então, depois de uma recepção extremamente positiva no SoundCloud, Badu chamou Witness e lhe pediu para trabalhar com ela em todo um conjunto de remakes relacionados com à Telephone. Os dois trabalharam em um ritmo na canção dia-a-dia em seu estúdio modesto, no One-Story house Dallas onde ele cresceu, e em última análise, a elaboração de um trabalho que comprova a capacidade da Badu de adaptar sua marca de som nos ritmos modernos e faz uma crítica irônica das nossas atuais dependências de tecnologias. 

Logo, eu ouço Badu no palco, cantando um pouco, pedindo ajustes para as luzes e para os volumes dos microfones. The Cannabinoids vão em direção a seus instrumentos. Big Mike falou a verdade: Badu, ao lado de uma réplica rosa, morbidamente detalhada de um cérebro, é rápida e exata em sua liderança da banda. Ela quer alcançar precisão, e ela quer fazer isso rapidamente.



Após a passagem de som, Badu e eu dirigimo-nos de volta para sua casa. Antes de sua própria festa, ela tem que ajudar a Puma se preparar para a escola de dança. No caminho, ela me pergunta se eu quero ouvir a canção de aniversário que ela escolheu para este ano. Eu digo com certeza, e ela pega no YouTube, com bastante rapidez na verdade, para alguém que está com a mão no volante. É Nina Simone, em um vestido esvoaçante com um conjunto de pérolas balançando de seu pescoço.

"Seja meu marido, homem, eu serei sua esposa
Seja meu marido, homem, eu serei sua esposa
Seja meu marido, homem, eu serei sua esposa
Amando tudo de você o resto de sua vida"

Badu canta junto com Simone balançando os ombros. Suas vozes soam muito boa juntas assim; permanecendo distintas, mas quando a canção avança, eles chegam a uma espécie de mistura.

"Essa é uma boa canção de aniversário", eu digo quando acaba, e Badu diz: "Sim."
Quando chega a casa, Puma, com carinha de anjo de laço rosa e botas pretas se encontra ao lado de um amigo, prontos para ir. Badu discute sobre suas roupas, suas longas voltas em espiral no cabelo, se ela deve ou não usar meias para a dança. Logo Puma está pronta, e seu pai vem para buscá-la. Badu fica brincando com seu telefone, certificando-se que ela colocou todos os seus amigos e familiares na lista de sua festa.

É escuro quando Carl Jones chega em casa. Jones trabalhou como produtor em The Boondocks e criou Black Dynamite, onde conheceu Badu, quando ela entrou para fazer algum trabalho de voz. Agora eles são um casal com a sua própria empresa de produção; seu primeiro projeto foi a muito elogiada participação de Badu como anfitriã do Soul Train Awards. "Ela tem uma grande visão," Jones diz-me de Badu. "Ela é como uma Carol Burnett moderna. Ela tem tantos personagens que ela faz, e ela é uma escritora tão espirituosa."

Badu foge para se vestir para o show, e quando ela aparece novamente, está toda de preto, com um chapéu alto, de abas largas. "Carlito", ela chama a Jones cantarolando, "você pode me ajudar a colocar meus sapatos?" Há uma ternura entre os dois, um silêncio feliz, e ele corre, pega seu braço para manter o equilíbrio enquanto ela desliza seu pé na bota de luta.

Mesmo na noite de um show, Badu dirige-se para o trabalho. Ela coloca um par de óculos elegante, coloca gasolina no Porsche com Jones no banco de passageiro e segue dirigindo como ela sempre faz: preocupada, mas com uma alegre rapidez, especialmente na rampa de acesso, desviando com impaciência de motoristas que fazem o limite de velocidade. Ela faz uma volta ao redor do local para verificar a fila, em seguida, dirige para o estacionamento nos fundos.

O portão da garagem dos fundos desliza para cima e Badu conduz o carro direto para os bastidores, onde, sim, a banda, e, sim, Dave Chappelle — o MC da noite— e, sim, várias luzes e técnicos de som e, sim, membros da família, mas também aparentemente centenas de entusiasmados e coloridos vestidos pendurados em cabides. Todos se amontoam quando Badu sai do carro. Ela é graciosa: aperta a mão, abraços, tira fotos, abraça Chappelle, tira mais fotos e tudo antes que ela sequer consiga chegar a seu camarim.
Lá, em um espaço enfeitado com presentes de flores e plantas, ela queima um enorme feixe de sálvia e o gira, silenciosamente em piruetas. Quando o ritual de purificação é feito, ela parece feliz. Ela olha em volta para o conteúdo do quarto. "Eu nunca tive um aniversário que era tão ... floral. Tantos presentes." O show começa, e ela corre para mais perto do palco quando ela ouve, acima do resto das pessoas a voz de Chico DeBarge.

"Chico?", Diz ela. Ele é o irmão mais novo da antiga família da Motown Records DeBarge. "Ah Merda. Eu tenho que ouvir isso ".

Logo é a sua vez de performar, Eu fico de pé ao lado do palco enquanto vejo Badu fazer o que ela me disse tantas vezes ao longo dos últimos dias que gosta de fazer. Faz todo o show completo com afeto ao seu público local. As luzes-azuladas — da maneira como ela insiste que eles sempre sejam— a alcançam em linhas finas. Ela adora lançar a atenção para sua banda, muitas vezes, pedindo a cada membro para fazer um solo, e em algum momento, ela menciona Koko, que deveria estar atrás dela, cantando, mas sua irmã não se encontrava no palco.

No final do set, enquanto Badu canta "Trill Friends", sua faixa recém-lançada sobre a música de Kanye West "Real Friends", algo lindo começa a acontecer.
"Amigos”, Badu canta. "A palavra que usamos todo dia / Mas a maior parte do tempo usamos da maneira errada..."

E seus próprios amigos reais, liderados por Koko, invadem o palco, oferecendo-lhe um bolo e uma coroa de ouro fino que se encaixa sobre o chapéu. André está lá e ninguém tinha notado eles subindo ao palco, mas quando Badu o vê e lhe apresenta as 4.000 pessoas da multidão, o telhado quase voa fora do edifício.

Logo Chappelle está com o microfone e, por algum motivo, ele começa a contar uma história sobre dirigir até Kentucky Derby com Erykah Badu no carro, quando "Juicy Fruit" tocou no rádio. "Eu esqueci que minha amiga é uma das melhores cantoras do mundo", diz Chappelle. "E, de repente, ela está com tudo nas rádios e o carro está tremendo com suas músicas."

Enquanto ele conta a história, a banda entra em uma versão improvisada da canção.
"Esta mulher é tão especial", diz ele, e é a coisa mais sincera que alguém já viu Dave Chappelle dizer.

"Então, vamos fazer barulho para a minha amiga: Erykah Badu!"

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